domingo, 8 de março de 2009

Equoterapia e atividade Cinesioterapêutica

Texto extraído: PIMENTA, J.B. A Intervenção Equoterápica em Criança com Síndrome de Down. Monografia (Graduação em Terapia Ocupacional)- Faculdade de Minas. Muriaé, 2008. (p. 14-17)

2.2. Equoterapia e atividade Cinesioterapêutica

A terapia otimizando o cavalo proporciona uma variedade de estímulo fáceis de serem percebidos. A estimulação tátil dá-se através do contato direto com o cavalo, quer seja sobre o cavalo, ou em terra, tocando e acariciando as diferentes partes do cavalo, o dorso, a traseira, as crinas, o pêlo. Desse modo pode-se pensar na grande variedade de estímulos visuais, auditivos, proprioceptivos que ocorrem na Equoterapia. (FERRARI, 2003).

Segundo WICKERT, (1999) apud FERRARI, (2003, p. )
“O cavalo apresenta três andaduras naturais e instintivas: o passo, trote e galope. O trote e o galope são andaduras saltados, ou seja, há um tempo de suspensão em que o cavalo não toca com seus membros no solo. Por isso, seu esforço é maior, seus movimentos são mais rápidos e mais bruscos, exigindo do cavaleiro mais força para segurar e maior condicionamento para acompanhar o movimento do cavalo. Estas andaduras são utilizadas apenas em praticantes com estágio mais avançado.”

O passo é a andadura mais utilizado na primeira fase do tratamento, pois é uma andadura rolada ou marchada, ou seja, sempre existem membros em contato com o solo, sempre se produz no mesmo ritmo e na mesma cadência, e entre o elevar, o pousar de um membro, ouvem-se quatro batidas distintas e compassadas (4 tempos). É também um andadura simétrica e a mais lenta, o que produz reações menores e mais duradouras sobre o praticante permitindo uma melhor observação e análise por parte da equipe que acompanha o praticante. (FERRARI, 2003).
A principal característica é que o passo produz no cavalo e transmite ao cavaleiro uma série de movimentos seqüenciados e simultâneos, os quais resultam em um movimento tridimensional, ou seja, no plano vertical, produz um movimento de cima para baixo, no plano horizontal, um movimento para a direita e para a esquerda, segundo o eixo transversal do cavalo e segundo seu eixo longitudinal, um movimento para frente e para trás. Este movimento é completado com pequena torção da bacia do cavaleiro que é provocada por inflexões laterais do dorso do animal (Ibid, p. ).


A mecânica do movimento natural do cavalo faz com que ele desloque seus quatro membros sempre na mesma seqüência, ou seja, inicia o seu deslocamento pelo anterior direito (AD), em seguida o membro posterior esquerdo (PE), depois o anterior esquerdo (AE), e logo após o posterior direito (PD), assim, chega, novamente, ao anterior direito, iniciando um novo passo em seu deslocamento (ANDE-BRASIL, 2000).

2.2.1 Eixo transversal (movimento látero-lateral)

Nesta movimentação a anca do animal é projetada para frente, promovendo uma flexão lateral da coluna do animal. O cavalo executa uma inflexão para o lado contrário com seu pescoço, mantendo a parte da coluna que fica sobre suas espáduas (anteriores), solidária com a coluna. Isto provoca uma inflexão da coluna, tornando-a um arco em torno do posterior que está para frente e desloca o ventre do cavalo para o lado oposto. Assim, conforme as mudanças de passos, como por exemplo, o cavalo coloca o membro posterior direito (PD) à frente, ocorrerá um deslocamento da coluna vertebral para o lado esquerdo (ANDE-BRASIL, 2000).


Este movimento é produzido pelas ondulações horizontais da coluna vertebral do cavalo, que se estende desde a sua nuca até a extremidade da sua cauda. Estas ondulações são produzidas e executadas de maneira simétrica em relação ao eixo longitudinal do animal. O grau de flexibilidade do cavalo tem influencia direta sobre sua andadura. Quanto maior for à flexibilidade da coluna, maior será a amplitude de seus movimentos, e mais suave será a sua andadura e quanto maior for a amplitude do movimento maior será o passo do cavalo e em conseqüência, maior será o deslocamento lateral do ventre (Ibid, p. 30).

2.2.2 Eixo longitudinal (movimento ântero-posterior)

Iniciando o movimento pela distensão do posterior direito, o cavalo provoca desequilíbrio, deslocando seu corpo para frente e para a esquerda. Para retomar seu equilíbrio, o cavalo alonga seu pescoço, abaixa a cabeça e avança o anterior esquerdo para escorar a massa que se desloca. E quando toca o solo com o anterior esquerdo, freia o movimento para frente, provocando um desequilíbrio também para frente, no praticante. Neste momento o cavalo levanta a cabeça e com este movimento detém o deslocamento do cavaleiro para frente, facilitando o avançar do posterior direito. A anca do lado direito avança e abaixa colocando-se em baixo do cavaleiro, sustentando o seu peso e trazendo-o novamente para a trás, ajudando-o a retomar o equilíbrio. Na seqüência, o posterior esquerdo distende-se e empurra o cavalo para frente e para a direita. O movimento se sucede quando o anterior direito toca o solo, nova freada, novo desequilíbrio, e com o avançar do posterior direito, nova retomada do equilíbrio e conseqüentemente deslocamento para a trás (ANDE - Brasil, 1999 p.33).
No movimento do plano vertical percebe-se a ocorrência da elevação e rebaixamento do corpo do cavalo. Com a movimentação do animal, quando este abaixa o pescoço, a coluna vertebral será elevada, e quando o pescoço é elevado à coluna vertebral é rebaixada. Dessa forma, a movimentação longitudinal deverá ser acompanhada pelo praticante. (ANDE- BRASIL, 1999)
Assim, enquanto um membro posterior está se estendendo para impulsionar o animal para frente, o outro está se deslocando para frente afim de sustentá-lo. Quando os membros posteriores estão nesta posição, o vértice do ângulo por eles formado, com a garupa do animal está em seu ponto mais baixo. (Ibid, p. 34)
Com a continuidade do movimento, o posterior que está a frente se estende e, com isso, eleva a garupa ao transpô-la sobre o seu ponto de apoio, depositando-a novamente à frente numa posição mais baixa. Este deslocamento se produz durante o movimento de cada um dos posteriores. Quanto mais para baixo do corpo o cavalo coloca o seu membro posterior, maior é o abaixamento da garupa, aumentando e acentuando o movimento vertical (comparação a uma roda denteada) (Ibid, p.34).

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