domingo, 8 de março de 2009

Equipe multiprofissional em Equoterapia

Texto extraído: AMORIM, T.S. Importância da equipe multiprofissional para o desenvolvimento do praticante no recurso terapêutico equoterápico. Monografia (Graduação em Terapia Ocupacional)- Faculdade de Minas. Muriaé, 2008. (p. 16-20)
3. EQUIPE MULTIPROFISSIONAL

3.1 Equipe multiprofissional na área de saúde

Segundo VELLOSO (2007) a área de saúde contava com poucos profissionais, sendo que do interior destas profissões foram surgindo especializações, ramificações e subáreas.

“Na área de saúde, até a metade do século passado, cerca de quatro profissionais formalmente habilitados dominavam todo o conhecimento e exerciam todas as ações do setor.” (VELLOSO, 2007)


Atualmente, já foram reconhecidos pelo Conselho Nacional de Saúde, 14 cursos, que participam regularmente na atenção a saúde, sendo eles: Biomedicina, Biologia, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional.
Esta medida favoreceu a formação da equipe multiprofissional ao considerar que uma equipe multiprofissional é formada por profissionais com um mesmo ideal, de uma forma eficaz e promovendo de forma simultânea e em grande sintonia resultados satisfatórios aos pacientes.

“A noção de equipe multiprofissional é tomada como uma realidade dada, uma vez que existem profissionais de diferentes áreas atuando conjuntamente, e a articulação dos trabalhos especializados não é problematizada.” (PEDUZZI, 2001).

Cada membro de uma equipe deve conhecer o papel, o modo de trabalho e a terminologia que é utilizada por cada profissional, para que não gere nenhuma confusão de papéis das áreas envolvidas na intervenção. Quanto maior este conhecimento, maior serão os resultados e os objetivos alcançados.
Em relação ao trabalho em equipe CANIGLIA (2005), diz:

“Quanto mais especificadas e diferenciadas forem os papéis dos profissionais da saúde, mais eficaz será a função da equipe multiprofissional.”
Em se tratando de equipe multiprofissional, os profissionais que nela tiveram atuando podem optar por trabalhar de forma interdisciplinar, multidisciplinar ou transdisciplinar.
Neste contexto, se faz necessário conceituar o que seja tais procedimentos.
Uma equipe multiprofissional atua de forma multidisciplinar quando o grupo de profissionais que atuam de forma independente em um mesmo ambiente de trabalho, utilizando-se de comunicações informais. Ao distinguir a equipe como grupo de trabalho, do trabalho de colaboração em equipe, é possível verificar que os grupos de trabalho correspondem às equipes multidisciplinares onde os profissionais de saúde se unem pelo fato da tarefa ocorrer em um mesmo ambiente, não necessariamente partilhando suas tarefas, constatações e responsabilidades que visariam aprimorar o serviço. Neste caso, seria uma simples justaposição, de uma determinada tarefa, dos recursos de várias áreas do saber, sem que isto resulte necessariamente num verdadeiro trabalho de equipe.
Uma equipe multiprofissional que atua de forma interdisciplinar realiza suas ações quando diferentes profissionais trabalham juntos, mantendo suas atuações específicas, com troca de informações dentro de áreas de interseção, o que permite a construção de novos saberes. A construção de novos saberes ocorre quando através das trocas de conhecimento interprofissionais se agrupam resultando das várias áreas do conhecimento, utilizando como empréstimo as técnicas metodológicas, os esquemas conceituais e das análises que se encontram nos diferentes ramos do saber, de forma que, depois de comparados e julgados possam fazê-los integrarem e convergirem.
Agora, quando uma equipe multiprofissional atua de forma transdisciplinar significa que problematiza-se intensamente a relação sujeito-objeto, ou seja, tenta-se compreender as relações complexas que diferentes sujeitos e objetos estabelecem na construção da realidade – ou melhor, das diferentes dimensões da realidade. Nesta linha as relações vão se tornando mais intensas e complexas e mais se aproxima da realidade e mais claros se tornam os conflitos, embora seja mais difícil também é mais compatível com a vida.
Dentre os modelos apresentados a equipe multiprofissional em equoterapia opta por trabalhar de forma interdisciplinar. Vejamos.





3.2 Equipe multiprofissional em equoterapia

A ANDE BRASIL possui princípios e normas para se realizar a atividade terapêutica, onde se baseia em ferramentas técnicas cientificas. Ela sugere que o paciente em tratamento deve ser acompanhado por uma equipe multiprofissional com atuação interdisciplinar que é formada por profissionais da área de saúde, educação, equitação e trato do animal.

“As atividades equoterápica devem ser desenvolvidas por equipe interdisciplinar, que envolva o maior numero possível de áreas profissionais nos campos de saúde, educação e equitação.” (ANDE BRASIL, 1999)

Esta equipe deve ser composta de no mínimo três profissionais, por especialistas em educação especial e reabilitação. Os profissionais que podem fazer parte desta equipe são: fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo, professores de educação física, pedagogo, fonoaudiólogo, assistente social e o médico que é o responsável em avaliar o praticante, mostrando os objetivos e até contra-indicando atividades. Esta equipe deve também conta com o apoio de auxiliares guias e auxiliares laterais.
Neste caso, é importante definir qual o papel destes profissionais na equipe multiprofissional em equoterapia.
Auxiliares guias é a pessoa que conduz à mão o cavalo do praticante (UZUN, 2005).
Auxiliares laterais é a pessoa que acompanha o deslocamento do praticante a pé, ao lado do cavalo, com o objetivo de segurança (UZUN, 2005).
Educador Físico e aquele que tem na sua formação conhecimentos específicos em diferentes áreas de atuação, são elas: saúde, educação, esporte, lazer e estética. Essa diversidade de atuação facilita a prática do professor de educação física numa equipe interdisciplinar. Ele dispõe de disponibilidade de intercâmbio com os demais componentes da equipe (...) objetivos: estabelecer horários específicos para realizações das atividades em grupo. Oferecer material sobe respiração, postura e alongamentos para a equipe. Incentivar a aquisição de hábitos saudáveis na busca de uma melhor qualidade de vida. Favorecer na integração, cooperação e socialização da equipe interdisciplinar (ANDE, 1999).
Equitador é aquele que adestra, prepara o animal para os diversos programas em que pode ser utilizado, sendo estes programas a hipoterapia, educação/reeducação, pré- esportivo e esportivo. ( ANDE, 1999).
Fisioterapeuta, interpreta diagnóstico, compreende seus limites e dá condições para superá-los a partir do seu potencial, lembrando que, na equoterapia, o cavalo é o estimulador sensorial e motor do praticante e que a função do fisioterapeuta durante a sessão é conduzi-la de modo a facilitar a realização dos movimentos normais e inibir a realização de anormais (...) busca a integração com toda equipe, para que se encontre a melhor forma de programar o atendimento e para se atingir os objetivos eleitos pelo grupo. Inclui técnicas de manuseio e de condução da sessão de acordo com as capacidades funcionais do praticante. Existem particularidades que os profissionais da equipe devem ter em relação aos praticantes e que a equipe deve esclarecer por meio de reuniões e aulas expositivas ou durante a rotina de trabalho para que se consiga uma boa coesão no trabalho (ANDE, 1999).
Fonoaudiólogo é aquele que desenvolve formas de comunicação, socialização, postura e até mesmo melhora na auto-estima, facilitando assim a terapia fonoaudióloga, que tem como objetivo: estimular a comunicação oral, estimular a organização do esquema corporal, desenvolver-se a estruturação especial e temporal, melhora as funções neuro-vegetais, reorganizações das funções e tônus dos órgãos fono-artivulatórios (ANDE, 1999). (Ibid, p.)
Médico, tem o objetivo de indicar ou contra – indicar a prática de equoterapia. Ele também dará respaldo à equipe de equoterapia tanto no aspecto clinico como na alta do praticante (LERMONTOV, 2004).
Pedagogo, cria situações que encaminhem a pessoa à utilização dos recursos disponíveis durante as sessões de equoterapia de equoterapia para as atividades escolares, objetivando trabalhar as dificuldades resultantes do processo ensino – aprendizagem, a assimilação, concentração e atenção. O próprio movimento proporcionado pelo cavalo favorece a integração dos hemisférios cerebrais (UZUN, 2005).
Psicólogo é o que prioriza o trabalho emocional, não esquecendo o ser global - fatores biológicos, mentais e sociais (...) intervir no sentido de atuar para que haja melhor compreensão global do praticante, da família e da equipe (...) junto à equipe elabora o mais indicado plano de intervenção, enfatizando a afetividade (ANDE, 1999).
Terapeuta Ocupacional promove uma série de atividades que venham auxiliar na aquisição da coordenação motora e funcionalidade do praticante, desde o preparo do alimento do cavalo, até a exploração tátil realizada por meio do cavalo e do ambiente natural, bem como cuidar de adaptações necessárias para cada caso (UZUN, 2005).
Toda a equipe de um centro de equoterapia tem que conhecer e compreender o processo terapêutico, começando pela anamnese (entrevista inicial) e depois de avaliado trabalhar na aproximação do praticante com o cavalo, atender a família do praticante se necessário, enfim, visar sempre qualidade de tratamento.

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