domingo, 8 de março de 2009

Artigo: Histórico da Equoterapia

Texto extraído: AMORIM, T.S. Importância da equipe multiprofissional para o desenvolvimento do praticante no recurso terapêutico equoterápico. Monografia (Graduação em Terapia Ocupacional)- Faculdade de Minas. Muriaé, 2008. (11-15)

2.1 Histórico da Equoterapia

De acordo com os relatos de MARINS(1996), historicamente o uso do cavalo vem sendo utilizado terapeuticamente desde 458-370 a.C. quando Hipócrates aconselhava o uso do cavalo para “regenerar a saúde e preservar o corpo humano de muitas doenças, mas, sobretudo, para o tratamento da insônia” de seus pacientes. O primeiro registro de atividade realizada com o cavalo foi no Hospital Ortopédico de Oswentry (Inglaterra), onde uma dama da sociedade tomou a iniciativa de levar o cavalo para quebrar a monotonia, já que no hospital não oferecia nem um tipo de atividade.
UZUN (2005) descreve o primeiro registro do uso do cavalo como instrumento terapêutico, em 1946 quando uma praticante de equitação contraiu aos 16 anos uma poliomielite, onde comprometeu os movimentos dos membros inferiores, mas mesmo assim ela continuou a praticar a equitação, e em 1952 conquistou o título de vice-campeã disputando as Olimpíadas de Helsink. O público só percebeu sua dificuldade quando ela desceu do cavalo para subir ao pódio, e assim ela repetiu este episódio por muitas vezes.
Um grupo de brasileiros, no ano de 1988, segundo relatos da ANDE-Brasil[1] (2004), realizou uma viagem até a Europa a fim de estudar, observar e aprofundar sobre a utilização do cavalo como recurso terapêutico. E foi em 10 de maio de 1989 que surgiu a ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA – ANDE BRASIL, situada na Granja do Torto, em Brasília.
Em 09 de abril de 1997, a equoterapia foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina - parecer nº 06/97- como método de reabilitação motora, que diz:


“Pelo reconhecimento da Equoterapia como método a ser incorporado ao arsenal de métodos e técnicas direcionados aos programas de reabilitação de pessoas com necessidades especiais (...) Pela estratégia traçada pela ANDE BRASIL e dentro da legislação brasileira há necessidades de comprovação científica, feita por profissionais brasileiros, e dentro do que prescreve a resolução nº 196/96, do conselho Nacional de Saúde, que trata de normas de pesquisa envolvendo seres humanos.” (Conselho Federal de Medicina, 1997).

Desta forma percebe-se que a equoterapia se tornou uma técnica totalmente relacionada a programas de reabilitação, e tem objetivos específicos delineados pela ANDE – BRASIL, abrangendo seres humanos.

2.2 Definição

De acordo com LERMONTOV (2Negrito004), equoterapia é um método inovador de reabilitação e reintegração biopsicosocial para indivíduos comprometidos, que utiliza o cavalo como instrumento de trabalho, realizando técnicas de equitação e os recursos de uma equipe multiprofissional.

“A equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de Saúde, Educação e Equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de deficiência e/ou de necessidades especiais.” (ANDE BRASIL, 2004)


A ANDE - Brasil (2004) ressalta vários benefícios ao paciente, tais como trabalho do déficit de atenção e concentração; aprendizado através do brincar; socialização, estímulos contínuos e variados; nas áreas de reabilitação física, mental, educativa e social.

2.3 Nomeclatura

FRAZÃO (2001) descreve que a nomenclatura Equoterapia foi criada pela ANDE BRASIL e abrange todas as atividades que envolvem o cavalo, sendo elas na área esportiva, educacional ou terapêutica. Basearam-se em situações históricas para criar a nomenclatura, que foi registrada em 1999, no Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI, do Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio.
“A Nomenclatura é uma discussão nacional. Acreditamos que equitação terapêutica seja o nome mais adequado para esta atividade, porque qualquer pessoa reconhece o cavalo direcionado para uma atividade terapêutica.” (FRAZÃO, 2001).


Este tema tem sido desconhecido por autores em congressos internacionais, que de acordo com o relato afirmam ainda não ser a nomenclatura adequada.


2.4 Cavalo

A ANDE-BRASIL (1999), descreve o cavalo ideal para às atividades equoterápicas sendo como aquele de movimento rítmico, preciso e tridimensional, que ao caminhar se desloca para frente / trás, para os lados e para cima / baixo, podendo ser comparado com a ação da pelve humana no andar, permitindo a todo instante entradas sensoriais em forma de propriocepção profunda, estimulações vestibular, olfativa, visual e auditiva.

(Fonte: Centro de Equoterapia Santa Terezinha)

“O estudo deste binômio – o portador de deficiência e o cavalo – não permite colocar em evidência uma raça especial de cavalo. No entanto, algumas características básicas deverão ser levadas em consideração...” (ANDE BRASIL, 1999).

A escolha do cavalo na equoterapia deve ser de total atenção, sendo que não exige a raça própria, mas sim que o animal seja dócil, não se assuste com ruídos, realizar as três andaduras (passo, trote, galope), tenha uma dinâmica com o cavaleiro, obedecer ao comando das rédeas, a voz, aceitem carona, entre outros.


2.5 Programas básicos de equoterapia

ANDE-BRASIL (2004), descreve que, centros de equoterapia localizados na Itália e França adotam momentos fundamentais no uso do cavalo. Associação Nacional de Equoterapia espelhou-se nestes países e desenvolveu quatro programas básicos para o tratamento terapêutico, sendo eles:

1) Hipoterapia: programa de reabilitação, que atende a pessoas com deficiência física e/ou mental. O praticante não tem condições de montar sozinho, precisando de algum auxiliar. Neste caso, o cavalo é visto como um instrumento cinesioterapêutico.
2) Educação/reeducação: é um programa de reabilitação e educacional e o praticante tem condições de manter algum tipo de ação sobre o cavalo, menos dependente dos auxiliares. O cavalo é visto como instrumento pedagógico.
3) Pré – esportivo: Também um método de reabilitação e educacional e o praticante já têm condições de conduzir o cavalo e participar de alguns exercícios que fazem parte do hipismo. O cavalo é visto como instrumento de inserção social.
4) Esportivo: tanto um método de reabilitação e educacional quanto pode ser uma ação de melhoria da qualidade de vida, bem estar e lazer podendo o praticante participar de competições hípicas.
Quando os praticantes portadores de deficiência física optam pelo programa de acordo com HARTEL (1946), poderão praticar o hipismo e vir a competir em provas hípicas na Paraolimpíadas, até mesmo nas Olimpíadas.
Compara-se desta forma a eficácia do programa na inserção social destes praticantes.
[1] É uma sociedade civil, de caráter filantrópico, terapêutico, educativo, cultural, desportivo e assistencial, sem fins lucrativos, com atuação em todo o território nacional, tendo sede e foro em Brasília/DF.

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